quarta-feira, 11 de março de 2015

Assassinato de Nemtsov, reminiscências da Guerra Fria ou consequência do Charlie Hebdo?



O passado dia 27 de Fevereiro foi marcado por acontecimentos que relembraram os tempos da Guerra Fria. Em pleno centro da capital russa, numa ponte perto do Kremlin, um carro parou perto de Boris Nemtsov e da sua namorada (Anna Duritskaya), que prosseguiam a pé, e do seu interior foram disparados 4 tiros que atingiram o antigo vice-primeiro ministro. Os ferimentos acabaram por se tornar fatais ao político.




Boris Nemtsov era, na actualidade, um dos maiores opositores do regime de Putin, cujo identificava como estando por detrás de todos os acontecimentos que têm acontecido na Ucrânia. 3 horas antes do seu assassinato, Nemtsov tinha estado na rádio Ekho Moskvy, expressando precisamente duras críticas ao Presidente Russo e apelando à manifestação contra a guerra na Ucrânia. O presidente Ucraniano Porochenko veio intervir publicamente através da sua página do facebook, onde defendeu que Nemtsov era uma "ponte" entre a Rússia e a Ucrânia que "...não foi destruida por acaso pelos disparos de um assassino...".
Estas perspectivas e acusações, vêm fazer reemergir teorias de assassinatos e envolvimentos políticos que relembram a Era da Guerra Fria, onde o envolvimento entre a democracia e a política externa baseavam-se em jogos de dissimulação e espionagem.
A verdade é que a história tem tendência a reescrever-se e o com os acontecimentos da Crimeia, o mundo tem vindo a assistir a uma postura russa que acaba por não corresponder totalmente à realidade. Tal como nos tempos da União Soviética, quando Vladimir Putin desempenhava funções como oficial de intelligence na extinta KGB, a Rússia tem desenvolvido a sua política externa envolta em dissimulações e interesses escondidos, o que acaba por contribuir para a a sua descredibilização. O assassinato de um político que se tem assumido como puramente anti-Putin, promove assim automaticamente uma onda de questões associadas a uma forma de governo, que aparentemente não se desagregou completamente da postura pré-1989. A questão então, passa realmente por interpretar e compreender o que originou este acontecimento, que não parece ter lugar no mundo ocidentalizado de hoje em dia. As primeiras notícias que apontavam para a captura dos elementos que tinham cometido o assassinato, assinalavam ligações directas com motivações religiosas, onde a verdadeira razão recaía sobre comentários que Nemtsov tinha realizado, no âmbito dos ataques ao Charlie Hebdo. O político, na altura dos ataques, tinha condenado as acções dos terroristas, assim como todos os comentários de elementos que teriam afirmado que os cartoonistas tinham procurado deliberadamente aquela situação, ao publicar cartoons daquele âmbito. Esta postura teria sido a razão que influenciara a busca por vingança contra as ofensas a Maomé, por parte de Zaur Dadayev (um dos elementos capturados).




O checheno desempenhou funções nos serviços de segurança da República da Chechenia, tendo chegado a ser condecorado por Putin em 2010 com a Ordem de Coragem, pela coragem, bravura e dedicação, reveladas na execução do dever militar na Região do Cáucaso do Norte. 
A veracidade dos factos, contudo, continua por apurar, uma vez que recentes afirmações de Dadayev, vieram contradizer a confissão realizada recentemente. Alegadamente o checheno terá sido alvo de tortura e pressões policiais para assumir o assassinato, contudo, recentemente tem vindo a declarar-se como inocente. Estes novos desenvolvimentos contribuem para um impulsionar de teorias de conspiração, que poderão, ou não, encontrar concretização da acção indirecta de Putin, na prossecução dos interesses da "Mãe Rússia"





Sites consultados

- http://article.wn.com/view/2014/12/31/FG_Using_Security_Agencies_to_Decapitate_Opposition_Ahead_of/

- http://observador.pt/opiniao/rasto-caucasiano-no-assassinato-de-boris-nemtsov/

- http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/russia/11457476/Nemtsov-murder-suspect-blows-himself-up-as-more-arrests-made.html

- http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/checheno-diz-que-planejou-assassinato-de-nemtsov-por-criticas-ao-isla/

- http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=4446754

- http://www.publico.pt/mundo/noticia/morte-de-boris-nemtsov-foi-minuciosamente-planeada-1687634



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