terça-feira, 31 de março de 2015

NSA sob alerta

Ontem os Estados Unidos sofreram mais uma (aparente) tentativa de ataque, por parte de elementos desconhecidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA) foi alvo de entrada forçada na sua sede, em Fort Meade, Maryland.


EUA: um morto em tiroteio na entrada da NSA


O cenário baseou-se na tentativa, por parte de dois elementos do sexo masculino vestidos de mulheres, de entrada no perímetro da Agência. A ocorrência sucedeu perto de um dos portões principais, ao que os indivíduos forçaram a entrada com uma viatura , mesmo após os avisos por parte da segurança da Agência para parar.  Quando o veículo acelerou contra uma viatura da polícia, que se encontrava a bloquear a estrada, os policiais abriram fogo, resultando da situação um morto e dois feridos, sendo um deles um elemento da polícia.
A porta-voz da agência, Mary Doyle, refere que não existem certezas se a tentativa dos elementos, seria de facto chegar ao edifício da NSA, uma vez que o portão de acesso permite a ligação a outras agências e campus. Desta forma é impossível para já atribuir alguma ligação entre o acontecimento e qualquer actividade terrorista.
A NSA é o elemento responsável pela produção de INTEL DE âmbito interno, tal como o SIS em território português. 
Recentemente, no âmbito das declarações proferidas por Edward Snowden, a NSA foi catapultada para a ribalta pelas piores razões. As suas competências no âmbito da espionagem foram aplicadas de forma ilegal, proporcionando a realização de escutas não autorizadas e fora do âmbito dito "normal" e o acesso a informações pessoais através do programa PRISM.
O programa PRISM, de uma forma bastante concisa, é um programa cuja missão é vigiar a monitorizar toda a actividade de telecomunicações. No âmbito da sua actividade, é executado o acesso o monitorização de telefonemas, informações bancárias, actividade nas redes sociais e internet, mail, Skype e qualquer outro tipo de informação que seja colocada on-line.
Foram identificadas inúmeras empresas como colaboradoras deste programa, apesar da sua negação, e que aparentemente fornecem dados dos utilizadores, assim como autorizações para aceder a chamadas de vídeo inclusivé. Entre elas enumeram-se as seguintes:

- Microsoft;
- Yahoo;
- Google PalTalk;
- Facebook;
- Skype;
- Apple

A problemática associada à utilização de dados indevidamente e à espionagem, não é, contudo, uma questão actual. Já em 1998, a NSA foi alvo de "indiciações" no âmbito do seu programa ECHELON.
Em Setembro de 1998, a Comissão Europeia, em conjunto com o Parlamento Europeu, apresentou um conjunto enumerado de documentos que indicavam actos de espionagem política, envolvendo os EUA, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, através da utilização deste sistema.
A finalidade passava pela realização de escutas e acesso a mensagens, e-mails, entre outros. Para tal, o sistema socorria-se de inúmeros satélites, cuja quantidade é desconhecida, que decifrariam milhares de mensagens por hora, actuando com base em palavras-chave que pudessem  condicionar a segurança Norte-Americana.
Criado na década de 70, era um sistema que actuava na anonimidade, até que durante a administração de Bill Clinton, os EUA foram forçados a admitir a sua existência.
As informações sobre o ECHELON são das mais diversas, acusando e desculpando acções em que a ausência de provas concretas permite este alimentar de "teorias da conspiração". A verdadeira questão recai sobre a real necessidade dos Estados se defenderem contra acções externas, que podem prejudicar os interesses nacionais. Esta necessidade acaba por remeter para a necessidade de estabelecimento de fronteiras, em que a invasão de privacidade é aceitável perante um bem maior, ou quando é que atinge parãmetros que ultrapassam a necessidade securitária das nações.



Sites consultados:

- http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/base-militar-de-fort-meade-tem-tiroteio-nos-eua.html

- http://www.theguardian.com/us-news/2015/mar/30/nsa-headquarters-gate-fort-meade

- http://www.ionline.pt/artigos/mundo/tiroteio-junto-entrada-da-nsa-provoca-morto-dois-feridos

- iscte.pt/~apad/ACED/textos/ECHELON.doc

- http://www.heise.de/tp/artikel/6/6929/1.html

- http://masporquecara.blogspot.pt/2013/09/o-programa-de-espionagem-mundial-prism.html

- http://pplware.sapo.pt/informacao/prism-o-sistema-americano-que-regista-tudo-o-que-fazemos/

- http://www.infoescola.com/informatica/prism/

- http://www.publico.pt/mundo/noticia/espionagem-dos-eua-tem-acesso-directo-a-informacao-de-utilizadores-da-internet-1596718

- https://artedeomissao.wordpress.com/2013/11/07/o-programa-prism-da-nsa-espiam-em-segredo-utilizadores-da-apple-google-e-outros/

sexta-feira, 27 de março de 2015

A ascensão de Facções Extremistas - De Hitler ao Estado Islâmico


A ascensão de actividades extremistas no mundo, aparenta ser algo de complexo e incoerente,ao que, por conceitos associados a características geográficas e regionais, surgem grupos, suportados por actos ilícitos (Tráfico de droga, armas ou mesmo humanos, por exemplo), que começam a desenvolver a sua influência na região onde se encontram, sobrevalendo-se à base da violência terrorista (acção que tem por objectivo disseminar o medo na população generalizada), para alcançar objectivos específicos por si delineados. A complexidade destes factos reside em inúmeros factores, associados a algo mais do que simples localizações geográficas. Exemplo disso é o Estado Islâmico que é alimentado em mais de 70% por elementos estrangeiros, de sociedades ocidentalizadas e que em nada se assemelham ao conceito de Estado falhado. 
O desenrolar de acontecimentos que têm transportado as notícias sobre o Estado Islâmico, para o centro de debate dos meios de comunicação social, e consequentemente, motivado centenas de jovens para a mobilização no âmbito dos seus ideiais, acabam por se tornar um acontecimento sociológico digno de estudo. A história, contudo, reflecte um percurso onde nos podemos basear, tentando de alguma forma identificar as possibilidades que levam estes jovens a percorrer continentes, em busca da morte.
Se analisarmos o decorrer do Século XX, começamos a encontrar alguns paralelismos, que aparentemente também não conheciam fundamento. É o caso da Alemanha NAZI.
Após a 1ª Guerra Mundial, a Alemanha, humilhada pela Guerra, encontrava-se com altos índices de desemprego, dívidas, com uma população desmotivada e comandada por uma classe política envelhecida, sem capacidade de reacção ao rude golpe que foi o Tratado de Versalhes. O surgimento de facções políticas rejuvenescidas, com ideiais inovadores e que ostentavam para um crescimento exponencial do território alemão, levou ao seguimento "cego" por parte da população, em busca de um ideal patriótico que há muito julgavam perdido. O Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores, de onde advém a sigla NAZI (National Sozialistiche Deutsch Arbeiter-Partei), assim como tantos outros partidos pela Europa, conseguiram mobilizar mentes que estavam sequiosas por uma nação da qual se pudessem orgulhar e cuja sentissem honra em representar e defender, mesmo com o sacrifício da própria vida. A análise dos acontecimento levaram à compreensão de que, foram as sanções da Primeira Guerra Mundial que contribuiram para o crescimento de facções políticas de ideiais extremistas, que encontraram na esperança do povo a motivação que necessitavam para se desenvolver. É com base nessa experiência que no pós-Segunda Guerra Mundial, a Alemanha viu perdoada a sua dívida. Na data de 27 de Feveriro de 1953, 20 países, entre os quais a Grécia, decidiram perdoar mais de 60% da dívida alemã (no âmbito do Plano Marshall,)permitindo assim o surgimento do chamado "milagre alemão", onde, de um país arruinado pela guerra, renasceu uma fénix com influência mundial.
Aparentemente estes acontecimentos na história em nada se relacionam com os acontecimentos na Síria, contudo, se se proceder à análise dos factos, verifica-se que existem algumas similaridades que inlfuenciaram a ascenção da Alemanha NAZI, e que hoje em dia se encontram presentes também nas motivações dos jovens Jihadistas. Da mesma forma que a Alemanha vivia uma época de dificuldades financeiras, o mesmo se reflecte hoje em dia. A Europa atravessa uma das maiores crises financeiras dos últimos tempos, ao que, aliado à constante corrupção política, largamente publicitada pelos meios de comunicação social, tem contribuído para uma perda de valores nacionais, em prol do crescimento de uma identidade globalizada comum. Grande percentagem dos jovens acaba por não reconhecer na sua sociedade o sentimento de patriotismo, uma vez que os elementos que se fazem representar pelo país, acabam por não conseguir chegar aos "corações" das populações. Esta ausência de solidariedade entre as "extremidades", pode ser uma das causas do fenómeno que tem sido a emigração dos jovens para integrar as fileiras do EI. A busca por valores que não conseguem encontrar na sociedade que os criou, pode estar a levar inúmeros jovens a procurar "um sentido para a vida", fora das fronteiras sociais que conhecem. O surgimento de uma facção que argumenta contra pontos específicos, que minam as sociedades democráticas ocidentalizadas, cria assim uma alternativa aos elementos que procuram um "ideal" pelo qual se possam reger (tal como ocorreu com o partido NAZI), levando assim à mobilização cega, por países desconhecidos, em busca de valores superiores que justifiquem o sentimento de pertença que procuram.





Sites consultados:

- http://noticias.hentac.com/noticia/2015/01/syriza-recorda-que-alemanha-tambem-teve-divida-perdoada-em-1953.html

- http://www.dw.de/1920-lan%C3%A7ado-programa-do-partido-de-hitler/a-445953

- http://www.dinheirovivo.pt/economia/interior.aspx?content_id=3763585

- http://infielatento.blogspot.pt/2014_01_01_archive.html

quarta-feira, 11 de março de 2015

Assassinato de Nemtsov, reminiscências da Guerra Fria ou consequência do Charlie Hebdo?



O passado dia 27 de Fevereiro foi marcado por acontecimentos que relembraram os tempos da Guerra Fria. Em pleno centro da capital russa, numa ponte perto do Kremlin, um carro parou perto de Boris Nemtsov e da sua namorada (Anna Duritskaya), que prosseguiam a pé, e do seu interior foram disparados 4 tiros que atingiram o antigo vice-primeiro ministro. Os ferimentos acabaram por se tornar fatais ao político.




Boris Nemtsov era, na actualidade, um dos maiores opositores do regime de Putin, cujo identificava como estando por detrás de todos os acontecimentos que têm acontecido na Ucrânia. 3 horas antes do seu assassinato, Nemtsov tinha estado na rádio Ekho Moskvy, expressando precisamente duras críticas ao Presidente Russo e apelando à manifestação contra a guerra na Ucrânia. O presidente Ucraniano Porochenko veio intervir publicamente através da sua página do facebook, onde defendeu que Nemtsov era uma "ponte" entre a Rússia e a Ucrânia que "...não foi destruida por acaso pelos disparos de um assassino...".
Estas perspectivas e acusações, vêm fazer reemergir teorias de assassinatos e envolvimentos políticos que relembram a Era da Guerra Fria, onde o envolvimento entre a democracia e a política externa baseavam-se em jogos de dissimulação e espionagem.
A verdade é que a história tem tendência a reescrever-se e o com os acontecimentos da Crimeia, o mundo tem vindo a assistir a uma postura russa que acaba por não corresponder totalmente à realidade. Tal como nos tempos da União Soviética, quando Vladimir Putin desempenhava funções como oficial de intelligence na extinta KGB, a Rússia tem desenvolvido a sua política externa envolta em dissimulações e interesses escondidos, o que acaba por contribuir para a a sua descredibilização. O assassinato de um político que se tem assumido como puramente anti-Putin, promove assim automaticamente uma onda de questões associadas a uma forma de governo, que aparentemente não se desagregou completamente da postura pré-1989. A questão então, passa realmente por interpretar e compreender o que originou este acontecimento, que não parece ter lugar no mundo ocidentalizado de hoje em dia. As primeiras notícias que apontavam para a captura dos elementos que tinham cometido o assassinato, assinalavam ligações directas com motivações religiosas, onde a verdadeira razão recaía sobre comentários que Nemtsov tinha realizado, no âmbito dos ataques ao Charlie Hebdo. O político, na altura dos ataques, tinha condenado as acções dos terroristas, assim como todos os comentários de elementos que teriam afirmado que os cartoonistas tinham procurado deliberadamente aquela situação, ao publicar cartoons daquele âmbito. Esta postura teria sido a razão que influenciara a busca por vingança contra as ofensas a Maomé, por parte de Zaur Dadayev (um dos elementos capturados).




O checheno desempenhou funções nos serviços de segurança da República da Chechenia, tendo chegado a ser condecorado por Putin em 2010 com a Ordem de Coragem, pela coragem, bravura e dedicação, reveladas na execução do dever militar na Região do Cáucaso do Norte. 
A veracidade dos factos, contudo, continua por apurar, uma vez que recentes afirmações de Dadayev, vieram contradizer a confissão realizada recentemente. Alegadamente o checheno terá sido alvo de tortura e pressões policiais para assumir o assassinato, contudo, recentemente tem vindo a declarar-se como inocente. Estes novos desenvolvimentos contribuem para um impulsionar de teorias de conspiração, que poderão, ou não, encontrar concretização da acção indirecta de Putin, na prossecução dos interesses da "Mãe Rússia"





Sites consultados

- http://article.wn.com/view/2014/12/31/FG_Using_Security_Agencies_to_Decapitate_Opposition_Ahead_of/

- http://observador.pt/opiniao/rasto-caucasiano-no-assassinato-de-boris-nemtsov/

- http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/russia/11457476/Nemtsov-murder-suspect-blows-himself-up-as-more-arrests-made.html

- http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/checheno-diz-que-planejou-assassinato-de-nemtsov-por-criticas-ao-isla/

- http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=4446754

- http://www.publico.pt/mundo/noticia/morte-de-boris-nemtsov-foi-minuciosamente-planeada-1687634



terça-feira, 10 de março de 2015

Boko Haram jura fidelidade ao Estado Islâmico

O líder da organização terrorista que tem vindo a espalhar terror na Nigéria, veio a público explanar a sua lealdade para com o (EI) Estado Islâmico. Este súbito alinhamento de ideais com o EI, aparentemente, assume apenas um papel publicitário, onde ambas as estruturas terroristas têm a ganhar. O Boko Haram tem vindo a assumir um papel de defensor da Sharia (lei islâmica) no território Nigeriano, tendo incidindo as suas acções no nordeste do País, e acaba por ser de facto uma estrutura que partiha a mesma visão que o EI, contudo, até à data, ainda não tinham sido verificadas quaisquer intenções de aproximação entre as duas organizações, apesar de Peter Pham (director do programa de África do Centro de Reflexão Atlantic Council de Washington) identificar que esta atitude era espectável há já 9 meses. 
O entendimento de união de forças encontra fundamento, face à últimas acções de combate que estas organizações têm enfrentado. 
Na Nigéria encontra-se a força multinacional, composta por França,  Estados Unidos e Grã-Bretanha, que partilha ainda do apoio da União Europeia. Em aditamento, a Nigeria tem contando ainda com o apoio do Chade na intervenção territorial que tem permitido a recuperação de território ocupado pela organização terrorista.
Na Síria e no Iraque, o EI tem vindo a apresentar uma postura defensiva, limitando-se ao "assassinato" de monumentos históricos, como forma de afirmação territorial. 
A proclamação de fidelidade por parte do Boko Haram, veio permitir ao EI demonstrar perante o mundo uma manipulada noção de expansão, quando na realidade tal não acontece. Ao invés, a aparente ligação entre as duas estruturas, permite ao Boko Haram assumir territorialmente uma postura de força face à intervenção conjunta que está a enfrentar por parte das forças multinacionais.
É de facto no factor de dissuasão que esta estrutura parece agora reforçar a aposta, uma vez que foi precisamente com base nessa postura que grande parte dos territórios agora ocupados, foram conquistados.



É de referenciar que o juramento de fidelidade não aparenta ser uma proposta de reconhecimento de província do EI. Alías, o Boko Haram já tinha proclamado um califado em terras nigerianas, pelo que este juramento de fidelidade vem acima de tudo procurar mais um apoio moral (e que aguarda ainda a resposta do EI), que lhe permita continuar o reinado de terror, perante os territórios que assinalam como pertecentes ao Califado de Boko Haram.
O que de facto é preocupante, é a possibilidade de um objectivo moral, passar a encontrar reflexo em acções combinadas, traduzindo-se em acções territoriais que poderão interligar as duas estruturas, não só no fornecimento de armamento, como no próprio "intercâmbio" de elementos, valorizando a estrutura de propaganda desenvolvida até agora.




Sites consultados:

- http://pt.euronews.com/2015/03/10/nigeria-boko-haram-perde-terreno-para-as-forcas-governamentais/

- http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/lealdade-do-boko-haram-ao-estado-islamico-e-propaganda-benefica.html

- http://www.noticiasaominuto.com/mundo/358788/aliar-o-boko-haram-ao-isis-e-ato-de-desespero

- http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4342553

- http://www.hrw.org/news/2015/01/14/dispatches-what-really-happened-baga-nigeria

- http://www.publico.pt/mundo/noticia/lider-do-boko-haram-jura-fidelidade-ao-estado-islamico-1688462